1 de mar. de 2014

Reboot não é a solução.



E ai galera! Trago a vocês hoje uma reflexão sobre a solução que muitas empresas vem escolhendo para todas as franquias que já possuem um certo tempo de vida: Reboot.


O que é um Reboot?


 Bom explicando da forma mais séria possível: É a exclusão total do antigo conceito de tal história para a recriação de uma nova por cima dela, muitas vezes com a intenção de fazer uma versão mais “atual” no gosto do povo usando característica de outras obras famosas nesse tempo.

 Agora explicando pelas minhas palavras sinceras: É você pegar toda uma cronologia de anos de trabalho e jogar no lixo para criar e investir em outra.

 Embora isso esteja sendo feito com muita frequência atualmente na área de games, isso já era algo usado em Comics por exemplo.

 Casos de Reboot mais polêmicos atualmente são Castlevania: Lord of Shadow e o DmC: Devil May Cry.

 (Castlevania Lament of Innocent e Lord of Shadow, ambos contam o inicio de Castlevania antes e depois do Reboot)


Qual a consequência de Reboot?

 Em primeiro lugar, tudo o que você conhece de tal franquia será desconsiderada e descontinuada. Caso a história tenha várias pontas soltas e mistérios, pode tirar o cavalinho da chuva, você nunca saberá a resposta sobre elas, em resumo, a linha que você conhece "morreu".

 Segundo, há uma eliminação de uma característica em comum que trouxe as pessoas a gostar daquela franquia. Se há essa eliminação, porque continuar gostando?
É uma supervalorização no novo público que a empresa as vezes parece não se importar em tentar, ao mesmo tempo, manter o publico que já possui.

(Os dois Devil May Cry)


Reboot da certo?

 Financeiramente falando, ela pode ser um colírio para os olhos da empresa, pois Reboot é basicamente, um novo jogo, mas ao invés de estar em uma nova franquia, ele está pegando carona em um "nome" já famoso. É meio que aquela formula dos filmes Holywoodianos que usam nomes de Animes e Games famosos para promover seus trabalhos, muitas vezes mal feitos.

 É claro que vai ter pessoas que preferem um Reboot, pois se Reboot muda completamente o conceito de algo, ela vai chamar a atenção de pessoas que antes não se importavam com tal franquia porque antes tinha alguma característica que não agradava elas, mas ao mesmo tempo que isso acontece, o jogo pode ter se tornado algo que não entre no gosto do atual fã da franquia, se tornando o completo oposto do que o atraia, como foi citado nas consequências.

 Mas como eu disse, pode dar certo, financeiramente, para a empresa. Mas para aquele que acompanha a franquia, é um tiro no pé.

 (O primeiro Castlevania lançado conta a história de Simon Belmont. Em Mirror of Fate sua história é contada no Reboot)


Por que Reboot não é a solução?

 Imagine que uma franquia é uma "pessoa", com seus defeitos e suas qualidades. Reboot seria a medida mais drástica e desesperada... Você "mata" a pessoa e coloca uma espécie de "sósia" no lugar dela, ao invés de tentar melhorar seus defeitos e manter suas qualidades.

 Reboot é uma medida tão radical que pode ser um choque para muitas pessoas. Elas levam susto, podem se acostumas ou levar essa infelicidade para o resto de suas vidas. Vamos ser sinceros, em Lord of Shadow vários personagens parecem que envelheceram 20 anos e tomaram bomba, quem está acostumado com o visual de sempre deles acaba se assustando.

 Reboot não é a solução, pelo menos, não é a solução que uma empresa deve escolher de imediato. Existem milhares de soluções para manter uma franquia de pé atraindo um novo publico sem que tenha que "espantar" o publico antigo.
Acredito que uma empresa ganha muito mais mantendo os dois grupos, do que ficar paparicando apenas um. Mais pessoas, mais dinheiro.

(Antes e depois do Reboot)


Quais são essas outras soluções?

 Como eu disse, existe várias soluções para serem usadas antes de decretar um Reboot de uma franquia. Visto que Reboot é uma medida radical, ela devia ser a ultima das ultimas opções. Mas infelizmente, as empresas preferem apelar para ela de imediato. Irei listar as soluções abaixo com vários exemplos:


  • Remake
 Ora, essa solução é simplesmente a mais óbvia que eu até hoje me pergunto como não tentaram isso ANTES de apelar para o Reboot.
Muitas pessoas parecem se confundir, mas Remake e Reboot são coisas diferentes.

 Remake é pegar uma história antiga e apenas dar uma "garimpada" em cima dela, fazendo pequenas alterações e Retcon mas mantendo praticamente tudo. Remakes não jogam fora toda uma Timeline e podem ser usados em apenas alguns jogos mantendo todos os outros.

  Se uma franquia tem jogos antigos demais para o publico atual, tudo que uma empresa precisa é pegar tal jogo antigo e fazer um Remake nele, com gráficos mais atuais e detalhando melhor a história já existente. Teríamos um "novo" jogo para o novo publico conhecer e ainda será aquilo que o antigo publico acompanha. Estaria unindo os dois grupos em um só.

Exemplos de Remake temos:

Pokémon FireRed/LeafGreen para Game Boy Advance, remakes de Pokémon Green/Red/Blue/Yellow para GameBoy.
O jogo possui novos gráficos e acrescemos de mecânicas que surgiram no decorrer do tempo, mas a historia e acontecimentos são mantidos com alguns extras a mais.



Pokémon HeartGold/SoulSilver para Nintendo DS, remakes de Pokémon Gold/Silver para GameBoy Color.
Gráficos mais atuais na época, a história recontada com mais detalhes e acrescemos de novas características na mecânica, além de muitos extras a mais na história.



Mega Man Maverick Hunter X para PlayStation Portable, remake do primeiro Mega Man X para Super Nintendo.
Gráficos 3D, modo Story mais detalhado com cenas em anime e diálogos in game com os Boss, um novo modo onde você pode jogar com Vile e um OVA extra que conta mais alguns detalhes na história.



Mega Man Powered Up para PlayStation Portable, remake do primeiro Mega Man para Nintendo 8 Bits.
Gráficos 3D de aparência Chibi, modo Story mais detalhado com diálogos incluídos (O que era bem ausente no jogo original), vários novos modos de jogo com What Ifs jogando com outros personagens.



Castlevania: The Dracula X Chronicles para PlayStation Portable, remake de Castlevania: Rondo of Blood para PC e Castlevania: Dracula X para Super Nintendo.
Redesign nos personagens, gráficos 3D, novos detalhes na história, extras e pequenos Retcons.



Eu particularmente considero Remakes a melhor solução para trazer uma franquia antiga para os tempos atuais e para o novo publico que não faz questão de jogar um jogo de anos atrás. O porque das empresas não pensar nessa solução primeiro? É um mistério. Da bem menos trabalho (E menos polêmica) do que fazer um Reboot.

  • Linha alternativa
 Uma outra solução é criar uma outra linha, paralela a original. É praticamente um Reboot mas com a diferença de que as duas linhas serão investidas. Claro, não é para fazer igual Comics que criam mil linhas alternativas que deixa o cara até tonto de acompanhar.

Exemplo de franquia com mais de uma Linha:

Mega Man, possui a linha original e a linha paralela.
A linha original de Mega Man consiste nas séries: Clássica, X, Zero, ZX e Legends. Já a linha paralela consiste nas séries: Battle Network e Star Force.

 (Linha original)
(Linha paralela)


É uma solução harmônica para os jogadores assim como Remake. Pode existir pequenos conflitos na divisão da fanbase por cada um querer defender sua série favorita mas nada que realmente comprometa, afinal, ninguém estará perdendo nada, cada um terá sua linha que continuará rendendo novos jogos.

  • Continuações mais modernas 
Aposto que ao ler isso teve aquele calafrio bem sinistro, não? Imagino que deve ter pensado "Não quero minha franquia virando um Saint Seiya Omega!".

 Mas pense bem, anos se passaram desde a história que você acompanhava, surgiu novos personagens, novo conceito e etc, por mais que não seja de um agrado total, aquilo que você acompanhou continua valendo e ainda influencia essa nova história. Aquilo que você acompanhou ainda é a base, ela não foi excluída ou desrespeitada, então, ainda há um ponto bom nisso.

 Mas quando falamos da historia ficar mais moderna, não falo de mais infantil ou bizarro, as vezes as mudanças são mais sutis. As vezes ela fica mais séria ou mais descontraída.

 Exemplos de jogos com essa característica:

 Mega Man, sim, afinal Mega Man X nos mostrou um lado mais sério da franquia que a clássica não tinha, e isso continuou na série Zero. Em ZX  tivemos algo como jovens usando os poderes de personagens passados, claro, alguns não gostaram e chamaram de Power Rangers, mas a série tem influencia da série X e Zero.

(Depois de anos de série Clássica com um enredo leve temos a chegada a série X com um enredo mais sério)


 Sonic, esta é outra franquia que usou isso, mais especificamente em dois pontos, o primeiro foi em Sonic Adventure a mudança dos conceitos da série clássica para uma geração mais moderna, o que causou uma divisão na fanbase, mas o importante é que as coisas que ocorreram nos jogos clássicos permanecem intactos, apenas tivemos uma modernização em certos aspectos porque saímos da era 16 bits.
 (Sonic Adventure marca a era onde Sonic e seus companheiros teriam aventuras mais profundas e com inimigos ainda mais poderosos)

 O outro ponto foi em Sonic 06, sim o jogo é horrível, infestado de glitchs, mas tirando o Gameplay falho, temos um jogo que tenta novamente, mudar alguns conceitos da franquia, a SEGA na época chamou Sonic 06 de Reboot, embora ele não seja de fato um, pois ele apenas iria introduzir Sonic em histórias mais sérias(O que é estranho, já que ele já vinha tendo isso desde Adventure) mas não iria excluir os jogos anteriores, eles ainda estavam valendo na cronologia. Claro, eles exageraram nisso ao ponto de colocar até um beijo zoofilo-necrofilo na história e acho que muita gente ficou traumatizado com o que viu (E jogou) ao ponto da SEGA nunca mais voltar com isso (E excluir de vez o Gameplay introduzido desde Adventure, o que é uma pena).
(Sonic 06 marcaria uma era mais séria para Sonic, infelizmente, por questões de Gameplay, o jogo não empacou e a ideia foi descartada)

Minha Conclusão

 Como eu havia dito e como o título sugere, Reboot não é a solução, pelo menos, não é a primeira solução que uma empresa deve tomar para reerguer uma franquia. Muita coisa pode ser usada antes de chegar a esse nível radical de mudança.
 Jogos não são Comics, sua velocidade de envelhecimento é mais devagar que os quadrinhos, uma pessoa pode muito bem tentar jogar um jogo antigo, enquanto encontrar uma HQ antiga e rara é mais difícil, claro, muitas vezes jogamos jogos de NES, SNES e etc por meios ilegais como emuladores, mas tenho uma opinião de que quando um console é declarado como morto, a ilegalidade da pirataria dele deveria ser suspensa já que o produto não será mais "fabricado" e a empresa não estará perdendo dinheiro nenhum, mas isso é algo para um outro texto futuro.

 Ainda assim tudo pode ser resolvido com um bom e velho Remake, quem não gostaria de ver Simon em sua aventura do primeiro Castlevania com gráficos atuais, falas e detalhes que nos dão mais noção da história? Acredito que deixaria pessoas mais felizes do que a tentativa de criar Lord of Shadow.

 Bom, é isso pessoal, espero que tenham gostado do texto e acabem refletindo sobre o assunto. Não há problema algum em gostar de um Reboot que passou a existir, mas lembrem-se que com a criação de um Reboot há aqueles que "perdem" nisso, claro, com certeza não é a empresa.

2 comentários:

  1. Perdi uma das minhas franquias favoritas, Tomb Raider, por causa daquele maldito jogo novo :(

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    1. Entendo completamente como se sente. Sou um grande fã de Castlevania e adorava acompanhar a história dos Belmonts, Alucard, Soma Cruz e outros... Estava bem interessado no motivo que fez os Belmonts desaparecem por anos. Mas ai chegou Lords of Shadow e acabou com tudo, foi uma grande infelicidade.

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